quarta-feira, 28 de agosto de 2013

MICHELINE BORGES, AS CUBANAS E SUCRILHOS







Micheline Borges conseguiu o que poucos jornalistas potiguares conseguem: projeção nacional. Para azar dela, a fama veio por vias tortas, ao dizer que "essas médicas cubanas tem (sic) cara de empregada doméstica". Explica-se: é que as cubanas são negras e, portanto, não se encaixam exatamente no padrão ocidental de beleza.

Para a loiríssima Micheline, a aparência das cubanas combinam com a cozinha, o fogão e o tanque - menos com o consultório médico. Não satisfeita, a jornalista desdenhou das críticas que recebeu, reafirmou o preconceito ao enfatizar que "aparência conta sim" e produziu mais uma pérola: "Se eu chegar numa consulta e encontrar um médico com cara de acabado ou num escritório de advocacia e o advogado mal vestido vou embora".

A saraivada de críticas, a péssima repercussão e o risco de responder pelo crime de racismo na justiça fez com que a moça apagasse seus perfis no Twitter e no Facebook. Antes, pediu "desculpas", disse que fez apenas uma "brincadeira" e que sua "opinião foi mal interpretada". Virou moda preconceituosos babacas tentarem disfarçar o preconceito travestindo-o de uma ingênua "opinião". "Cadê a liberdade de expressão?", bradam os reaças de todas as cores.

Em 2008, durante a disputa pela Prefeitura de Natal, Micheline já havia protagonizado outro episódio deprimente. Repórter da TV Tropical, cujo dono é o senador José Agripino (DEM), a jornalista invadiu uma caminhada da deputada Fátima Bezerra, então candidata do PT, adversária da também jornalista (céus!!!) Micarla de Sousa (PV). A função dela era provocar a militância petista, até conseguir ser agredida e, assim, ajudar a campanha micarlista a faturar eleitoralmente com o fato.

No dia seguinte à armação, Micheline estava na produtora de vídeo da campanha de Micarla, para entregar as imagens do barraco para edição. A tamoia não funcionou exatamente como o planejado, mas o final da história nós conhecemos: Micarla foi eleita e, menos de três anos depois, a cidade lamentava a infeliz escolha.

Jornalista que se submete a um papel desse é capaz de vender a alma ao diabo. É só uma questão de preço. Micheline serviu de pau mandado de Agripino e de Micarla em 2008. Agora, ecoou o preconceito que nossa elite branca insiste em, cinicamente, negar. É o mesmo preconceito daqueles que chamam de "vagabundos" e "preguiçosos" quem recebem o Bolsa Família. É, como disse a professora Marilena Chauí, a velha luta de classes em seu estado latente. É a ideologia, estúpido!!!

Pra encerrar, deixo vocês com os versos de Criolo em "Sucrilhos":

"Gostam de favelado mais que Nutella
Quanto mais ópio você vai querer?
Uns preferem morrer ao ver o preto vencer"




Alisson Almeida.



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